Muito já foi escrito e filmado sobre a 2ª Guerra Mundial e o
Holocausto. Mesmo assim, vez por outra, aparece algo novo. No caso, refiro-me
ao livro "Eu Sou o Último Judeu: Treblinka, 1942-1943", publicado
pela Zahar. Se algum escritor de ficção ou algum roteirista de cinema tentasse
imaginar, descrever, criar Treblinka, creio que não conseguiria. A realidade
que foi Treblinka é esmagadora, inimaginável para os padrões mínimos de
civilização e, em vários momentos, pensei em parar a leitura; mas, vale a pena
ir em frente e terminar o livro.
O primeiro ponto a esclarecer é a diferença entre campo de
concentração e campo de extermínio.
Concentração: sistema de encarceramento dos vários
"inimigos" do Estado nazista, tais como judeus, comunistas,
homossexuais, ciganos etc. Estas pessoas eram obrigadas a trabalhos forçados em
prol de várias empresas alemãs, e milhares morreram nesses campos.
Extermínio: o objetivo único era matar, exterminar,
principalmente os judeus.
A história narrada por Chil Rajchman passa-se na Polônia
ocupada pelo exército nazista. O campo de Treblinka foi implantado em junho de
1942, a aproximadamente 100 Km a nordeste de Varsóvia, a capital. Rajchman
chegou a Treblinka em outubro de 1942; sobreviveu, de forma inesperada, por 10
meses, até fugir em 2 de agosto de 1943, após a insurreição da qual foi um dos
líderes. Passou dois meses fugindo dos nazistas, de esconderijo em esconderijo,
até chegar a Varsóvia onde ficou escondido num bunker, durante mais três meses
e meio até a libertação, em 17 de janeiro de 1945, pelo Exército Vermelho.
Uma diferença fundamental do relato de Chil Rajchman para
outros existentes sobre o Holocausto, é que ele foi escrito ainda em plena
guerra, quando o autor ainda corria risco de morte, escondido em Varsóvia. Foi
escrito em íidiche num pequeno caderno que ficou inédito até a publicação em
livro, na França, em 2009. Chil Meyer Rajchman faleceu em 2004, aos 90 anos de
idade, em Montevidéu, Uruguai, para onde tinha emigrado após a libertação.
Nota:
O texto acima é de Jaime Mendes, que indicou esse livro aos seus leitores, no Blog Livros, Livrarias e Livreiros. Decidi manter o seu texto, pois foi através dele que encontrei esse livro.
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