Querida Filha,
Lembro-me de segurar você tão pequenina nos meus braços, olhando em seus profundos olhos verde esmeralda. Aqueles olhos eram profundos e brilhavam, antes de se fecharem para sempre.
Eu amei você, cuidei de você, noite e dia. Investi em você, e observei-a crescer à medida que os meses passavam.
Então, certa noite, após alimentá-la às cinco horas, coloquei você no berço pela última vez. Beijei-a e a cobri, e deixei a porta aberta para poder ouvir quando você me chamasse com seu chorinho.
Três horas depois, quando Tatty, seu pai, foi ver por que você tinha nos dado uma dose extra de sono, encontrou você fria. Morte no berço, é assim que chamam. Morte no berço...
Tentamos reanimá-la, fizemos de tudo para o seu pequenino ser. Demos choque em você e a medicamos, tudo, para que pudéssemos ter você conosco novamente, mas você já tinha ido embora para longe.
Sei que quando ficamos sobre o seu corpinho, esperando, esperando que algo acontecesse, você já estava envolta em uma luz intensa.
Estou contente por você. Sinto sua falta. Eu trouxe você ao mundo para ficar comigo, mas você teve de voltar para casa. Sei que é bom para você. Mas mesmo assim, meus braços estão vazios, e sinto e lembro de você com profunda saudade.
Você era minha filha.
Quando a dei à luz, escolhemos um lindo nome. Enfeitava suas feições pequeninas, seus olhos, seu nariz, e seus lindos lábios rosados.
Eu a embalava, alimentava e sonhava com você. Sonhava com os seus primeiros passos e balbucios. Procurava roupas e carrinhos para bebê. Imaginava você crescendo. Você se tornaria uma menina um dia. Teria uma mochila com livros sobre as costas, e cadernos com marcas de lápis. Teria amigas e festas. Teria preferências e opiniões.
Eu sonhava em partilhar a experiência com você. Queria estar ali para você, na sua vida, para amá-la, aceitá-la e orientá-la.
Um dia, eu pensava, você escolheria um vestido branco de casamento. Talvez você o quisesse com renda e tule. Talvez preferisse cetim e pérola. Então você o vestiria, e caminharíamos juntas para a sua chupá.
Você não chegou a isso. Quando eu a carregava, você sabia que entrara na nossa família apenas por um curto período. Eu não sabia disso.
Eu tinha esperanças para você, e você tinha outras.
Eu aceito você, eu aceito o que aconteceu. Você veio para um propósito e como um presente para apreciarmos e amarmos enquanto ainda pudéssemos. Estou feliz pelo tempo que passamos juntas.
Quando chegou a hora, eu levei você com amor. Enterrei você. Sentei por você. Chorei por você.
Chorei também por mim mesma.
Você nos deixou com um vazio, com os braços vazios; levou nossos sonhos com você para o túmulo silencioso.
Mas deixou-me com muito amor no coração, que não posso mais partilhar com você, mas guardarei para você, para sempre.
Sempre vou sentir você.
Com Amor,
Mamãe
Publicado originalmente na página Relatos do Site Chabad.Org
A autoria não foi creditada.
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