Dos seis milhões de judeus assassinados no Holocausto o único rosto que conhecemos intimamente pertence a Anne Frank.
Mas este é apenas o ponto de partida de Anne Frank: The Book, The Life, The Afterlife escrito pela romancista e ensaísta Francine Prose, um soberbo trabalho de história, biografia e crítica. Francine Prose tem algo de novo e importante a dizer acerca da jovem cujo diário foi simultaneamente celebrado e explorado, usado e abusado, e a autora rejeita a noção habitual de Anne Frank como “espevitada mensageira adolescente de paz e amor”.
Em vez disso, Francine Prose aborda de forma corajosa a identidade judaica de Anne Frank, a sua sexualidade, as posições políticas da sua família e as suas ambições literárias — tudo distorcido, quando não meramente ignorado por todos os que têm usado e abusado do diário para seu proveito próprio. Acima de tudo, Francine Prose permite que olhemos para Anne Frank não apenas como uma vítima de um crime contra a humanidade, mas também como uma jovem escritora com um grande talento.
Indicação do Nuno Josué, na Rua da Judiaria.
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