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segunda-feira, maio 21

Adolpho Bloch - 5


Naquele mesmo ano, inaugurava-se a TV Tupi do Rio de Janeiro. A Rádio Nacional ainda era o principal veículo de comunicação do país. Foi nesse qudro que a Manchete surgia em abril de 1952. No início dos anos 50 foram lançadas grandes revistas em todo o mundo e Adolpho as acompanhava de perto. Costumava dizer que o princípio da ficliidade consiste em se trabalhar naquilo que se gosta - e ele gostava de trabalhar naquele ramo. O primeiro número da revista não o agradou, fazendo com que ele mesmo lutasse pelo seu melhoramento. Só começou a compreender um pouco do jornalismo quando do suicídio de Getúlio Vargas, em 1954. A capa já estava impressa, era do Brigadeiro Eduardo Gomes, tradicional adversário do presidente. Na manhã de 24 de agosto, uma terça-feira, quando Lourival Fontes telefonou para Adolpho para informá-lo sobre o suicídio, este teve de imprimir nova capa com o Presidente Vargas. À tarde, a edição foi para as ruas e à noite já estava esgotada. No ano seguinte, outra lição: Carmem Miranda morrera nos Estados Unidos e viria a ser sepultada no Brasil. O enterro foi em um sábado, com grande acompanhamento e muita emoção popular. Não podia haver dúvida: a capa da semana seria ela. Aconteceu que, no domingo à tarde, a boate Vogue pegou fogo. Dois homens, em desespero, atiraram-se do prédio onde funcionava a boate. A tragédia abalou o Rio e Adolpho teve que mudar a capa, trocando o enterro da Carmem Miranda pelo incêndio da Vogue. A edição se esgotou no mesmo dia.

Para reforçar cada vez mais o andamento de sua revista, Adolpho Bloch fez contratos com agências de fotografias no exterior e teve a oportunidade de cobrir os fatos mundiais. A qualidade do material fotográfico da própria Manchete deu muita vida à revista, que passou a ser conhecida internacionalmente. Nessa altura, o Parque Gráfico de Parada de Lucas ficara pronto e assim melhorariam a qualidade gráfica, aumentando, assim, a produção do semanário.

Depois da morte de Vargas, vieram as crises políticas de 1955. Havia muito assunto em todos os setores e as vendas aumentavam a cada semana. O ex-governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek, foi eleito presidente da República. Adolpho Bloch tinha muita simpatia por ele, mas não o conhecia ainda bem.

Era um homem que costumava realizar aquilo que prometia. E durante a sua campanha eleitoral, ele garantiu que cumprimria suas 30 metas para desenvolver o Brasil. Em um de seus comícios, em Jataí, Goiás, um popular perguntou-lhe se, eleito, o candidato cumpriria integralmente a Constituição. Juscelino confirmou, sim, cumpriria todos os dispositivos da Constituição. O cidadão então perguntou se Juscelino cumpriria o dispositivo que previa a mudança da capital da República para o Planalto Central.

Juscelino já havia elaborado seu Programa de Metas e não pensara no assunto. Mesmo assim, sem vacilar, garantiu que, eleito, transferiria a capital da República para o Planalto Central. A partir desse instante, Brasília transformou-se na sua Meta-Síntese. O planalto goiano era menos conhecido do que a Amazônia. A idéia espantou muitos, mas JK foi em frente. Em um sábado, almoçava Adolpho Bloch em sua casa, no Edifício Chopin, com seu diretor Otto Lara Resende e sua mulher Helena. Durante o almoço, surgiu o Dr. Israel Pinheiro, sogro do Otto e amigo de Adolpho, comunicando a este que havia renunciado a seu mandato de deputado federal para assumir a presidência da Novacap, a empresa que iria construir Brasília. Pinheiro havia perguntado a Adolpho quantos lotes ele desejaria comprar na nova capital.

Este o respondeu dizendo que compraria apenas um, no setor destinado à indústria gráfica, e onde realmente construiu a primeira sede da sucursal da nova capital. Nos 12 anos de convivência diária e fraternal com JK, Adolpho Bloch aprendeu bastante. Às vezes, o próprio Bloch queria transmitir esses ensinamentos, mas infelizmente não era compreendido. Durante os cinco anos de seu governo, só estiveram juntos três ou quatro vezes. Em uma delas, era dia de greve dos bondes promovida pelos estudantes que protestavam contra o aumento de um centavo nas passagens. Adolpho estava com um problema, pois havia prometido ao embaixador Negrão de Lima, chefe da campanha eleitoral de JK, que, eleito o presidente, sua gráfica daria 20 mil cartazes enormes com o slogan 50 anos em 5. Adolpho havia tirado este slogan de um discurso de JK, feito em uma pequenina cidade do interior. Jornais, revistas e a televisão criticavam o famoso slogan. Adolpho desejava explicar ao presidente que se responsabilizaria pelos cartazes.

Procurando o presidente pelo Catete, Adolpho o encontrou na cozinha, comendo de uma marmita que viera do Palácio Laranjeiras com o seu almoço. JK ficou feliz ao vê-lo. Perguntou-o pela sua saúde. Adolpho disse, então: "Presidente, esta campanha diária contra o senhor, feita pela imprensa, rádio e televisão, está sendo causada pela minha confiança no seu governo. Fui eu quem mandei imprimir e colocar cartazes em todas as principais cidades brasileiras.". JK deu uma gargalhada e respondeu: "Então, Bloch, você acha que nós vamos fazer o Brasil caminhar 50 anos em apenas cinco anos?". Adolpho acompanhou o sorriso dele e a partir daquele dia ficaram amigos inseparáveis.


Continua.
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Fonte: Rede Manchete

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