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quarta-feira, outubro 26

Judeus Russos

A história do povo judeu na Rússia é antiga e muito importante, tanto para o país como para os judeus. 
Choral Synagogue, Moscow - Sinagoga Central de Moscow
Sabe-se da presença de judeus em regiões russas em períodos romanos ou até mesmo nos tempos helênicos. Calcula-se que nos séculos IV e V, existiam entre 10 e 30 mil judeus nas regiões da Criméia e Armênia.

Por volta do século VIII, a influência do judaísmo nos territórios que hoje chamamos de Rússia era enorme. Um povo semi-nômade, conquistou uma faixa de terra (e nela se estabeleceu) entre o Mar Negro e o Mar Cáspio. Eram os Khazares, cuja nobreza, incluindo a família real se convertera oficialmente ao judaísmo, mas sem forçar a população a fazer o mesmo. Criou-se o chamado “reino dos judeus” que durou até o século X. Mesmo depois da queda dos Khazares, a comunidade judaica continuou forte na região, principalmente no principado de Kiev.

No século XIV, o principado de Moscou adotou a ideologia de império e começou uma ação para unir as “Rússias” em um reino único. Esta unificação foi liderada por Ivan IV, O Terrível, que, embora fosse um sanguinário, conseguira unir os principados. 

Como primeiro Czar do império Russo, Ivan IV baniu oficialmente todos os judeus dos seus territórios, do contrário, a ordem era que matassem qualquer judeu não convertido encontrado. Esta expulsão levou os judeus a se instalarem nos países periféricos como Ucrânia, Lituânia e Polônia, onde tiveram de refazer suas vidas. 

A partir do final da Idade Média e da unificação do Império Russo, a vida dos judeus começou a sofrer muito com a influência de seus governantes. Na segunda metade do século XVIII, sobe ao trono a Czarina Catarina II. Influenciada pelo despotismo esclarecido, ela governou tentando conciliar os privilégios da nobreza e o poder real com as idéias iluministas. As únicas fatias da população que não compartilharam dos ideais liberais da czarina foram os judeus e os camponeses. Os camponeses se revoltaram diversas vezes, mas os judeus acabaram confinados em um território por um acordo que viria a se tornar um dos mais importantes capítulos na vida do povo judeu na Rússia: o “Território do Acordo”. 

Em 1794 foi decretado que todos os judeus do Império Russo só teriam permissão de viver em um território demarcado e, fora destes territórios, corriam perigo de vida. Esta Zona de Residência, ou Cherta Osedlosti em Russo, tinha 1 milhão de Km² e incluía os antigos territórios da Polônia, Ucrânia, Bielorrússia e Lituânia. Os judeus estavam confinados a seus shtetls, mas viviam nos mesmos territórios que os poloneses, lituanos, ucranianos, etc. 

Choral Synagogue, Moscow - Sinagoga Central de Moscow
A política dos czares russos para os judeus tinha como objetivo assimilar todos sem deixar de “usá-los” para favorecer a economia. Ao decorrer de diversos governos, na maioria anti-semitas, a enorme comunidade judaica russa foi marcada por uma pobreza econômica sem precedentes. 

A política de assimilação forçada adotada pelos líderes russos tem como maior exemplo o decreto chamado de “Estatuto dos judeus”, promulgado pelo czar Alexandre I. Este decreto dizia-se um melhoramento na vida dos aproximadamente 1 milhão de judeus russos que existiam pro volta de 1804, mas a real intenção era de “russificar” o povo. O estatuto tinha como metas liberar o ensino das organizações russas para os judeus e, ao mesmo tempo, proibí-los de cultivar terras próprias, obrigando-os a migrarem para o Sul russo e trabalharem nas terras do governo. Entretanto, a comunidade não aceitou nenhum programa de assimilação do czar. 

Sucessor de Alexandre I, Nicolau I reinou de 1825 a 1855 com punho de ferro e nacionalismo extremado. Foi no reinado deste czar que se fez um decreto lembrado até hoje, os “decretos de cantão”. Esta reinterpretação da lei do alistamento militar foi a ação mais agressiva com objetivo de assimilar os judeus na Rússia. Consistia na obrigação dos garotos judeus que atingissem 12 anos de irem às escolas cantonais. Estas escolas tinham péssima condição de vida e os meninos passavam por violências fortes e até fome. Estas instituições nada mais eram do que bases de assimilação forçada onde se realizavam até conversões compulsórias. 

Em 1855, sobe ao trono o czar Alexandre II. Conhecido como “Czar Libertário”, ele foi o primeiro czar a implantar com força uma reforma em todo o reino para que este deixasse sua atividade agrícola e sua aristocracia atrasada para ingressar no mundo capitalista. 

Esta mudança promovida por Alexandre II criava esperanças para o povo judeu que era formado por quase 3 milhões de pessoas e, realmente, boa parte do reinado do czar representou uma melhora relativa na vida dos judeus russos. 

 Continua...


Fonte:Chazit.Com
Foto: Alan Cordova

1 comentários:

Franco Mermoz disse...

Interessante e rica a história dos judeus russos.