Devido ao grande número de judeus que se encontravam nas terras húngaras durante o período ápice do Iluminismo Europeu (a partir da década de 30 do séc. XVIII), a influência judaica no comércio e na política se tornou indispensável, o que fez o rei José II aceitar e incentivar os judeus profissionais para dinamizar a classe média nacional. Este incentivo culminou com a aceitação de judeus como cidadãos húngaros nas décadas de 1830 e 1840. Em troca desta emancipação o povo de Israel teve de sofrer uma aculturação compulsória: eram obrigados a trocar de nome, falar alemão e freqüentar escolas laicas.
Em 1848 uma revolução de húngaros nacionalistas unidos a ativistas judeus se levantou contra o Império Austríaco e sua dominação. A revolução fracassou em tornar a Hungria um país independente. No entanto, a Áustria perdeu a guerra contra a Prússia logo após a revolta, o que enfraqueceu os alicerces de sua monarquia. A fraqueza da dinastia de Habsburgo fez com que nascesse uma nova monarquia dualista e o império passou a se chamar de Império Austro-Húngaro, oficializado no Compromisso de 1867. A Hungria passa a ter autonomia interna, o que faz com que a vida dos judeus melhorasse significativamente. Em 1867 os judeus se emanciparam totalmente e em 1895 o judaísmo passa a ser reconhecido como religião e não mais como nacionalidade, o que transforma os judeus em “húngaros de fé mosaica”.
O desenvolvimento do país se deve grande parte à elite judaica que se encarregou da modernização e industrialização. Além de conceber grande parte da intelectualidade húngara, os judeus representavam 25% da população do país na virada do século XIX, afirmando suas posições de cidadãos imprencidíveis para a estabilidade da Hungria.
A boa situação dos judeus burgueses, porém, nada tinha de parecido com os judeus camponeses, que continuavam pobres. Esta diferença entre o povo e a burguesia podia ser vista nos idiomas falados por cada grupo e por seus valores.
Mesmo com direitos garantidos e vidas asseguradas e estáveis, os judeus húngaros enfrentaram políticas anti-semitas neste período, que culminaram em um libelo de sangue em 1892 na cidade de Tiszaeslar.
A boa condição do povo judeu começou a declinar com a Primeira Guerra Mundial, que começou oficialmente em 1914. Nessa guerra 10 mil judeus morreram no campo de batalha defendendo a Hungria.
Com o fim da guerra, em 1919, o Império Austro-Húngaro foi dissolvido e a Hungria tornava-se um país totalmente autônomo novamente. Os ideais comunistas ganharam força e um governo de esquerda tomou o poder, liderado pelo judeu Bela Kun. Este governo acabou no mesmo ano e ataques anti-semitas começaram a acontecer com freqüência. Até que, em 1938 e 1939, duas leis anti-judaicas foram aprovadas, proibindo diversas atividades econômicas e profissionais aos judeus. Além de ocorrer uma emigração em massa para municípios menores, houve inúmeras conversões para o cristianismo.
Em 1941, a Hungria aliou-se à Alemanha nazista e o anti-semitismo se propagou com força desconhecida até o momento. Uma terceira lei anti-judaica foi escrita discernindo judeus como uma raça inferior.
Os massacres começaram e, de julho de 1941 até janeiro de 1942, 71.000 judeus morreram vítimas da guerra e do anti-semitismo.
Também em 1942, o Partido da Cruz de Setas elegeu o fascista Miklos Kallas como primeiro-ministro e foi projetada uma solução para o “problema judaico” na Hungria.
Mais tarde, em 1944, a Hungria foi ocupada pela Alemanha de Hitler, que alegava que os húngaros não deportavam os seus judeus e, por conseqüência, estavam juntos aos Aliados. Neste período, 63.000 judeus foram mortos.
Em Abril do mesmo ano, Adolph Eichmann decretou que 400.000 judeus fossem deportados para guetos e para Auschwitz.
Em 1945 começou a prática das marchas da morte para deportar os judeus para Áustria. Estima-se que 98.000 judeus perderam suas vidas nestas marchas.
No final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, do número anterior de 865 mil judeus húngaros, apenas 260 mil sobreviveram ao massacre do Holocausto.
Após a guerra, a Hungria foi dominada pelos soviéticos. Estes proibiram o Sionismo e qualquer imigração para Israel e impuseram diversas restrições à comunidade, como a substituição do ensino judaico pelo sistema laico de ensino comunista. Até a década de 60 a comunidade judaica húngara contabilizava 90 mil pessoas, mas este número declinava graças ao regime soviético.
Somente em 1989, com o colapso do comunismo soviético, é que as restrições judaicas tiveram fim, neste período Budapeste abrigava cerca de 20 sinagogas.
Hoje em dia, Budapeste sustenta diversas instituições judaicas e movimentos juvenis que tentam enfrentar os dois maiores problemas presentes na sociedade judaica húngara: o anti-semitismo e a assimilação. Em Budapeste, encontra-se a maior sinagoga da Europa, a Sinagoga da Rua Dohany.
Fonte: Chazit Hanoar
Fotos: Mikix e GeoLocations
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