Subscreva:

Pages

terça-feira, novembro 22

A Humildade

O Talmud nos ensina que "uma única moeda no cofre faz barulho". Porém, quando o cofre está cheio, as moedas não soam ao serem chacoalhadas. O que nossos sábios querem ensinar-nos ao observar este fenômeno natural?

Quando o cofre está vazio, com poucas moedas, é possível escutar o ruído. Isto significa que, quando alguém não possui dentro de si muita sabedoria e nem qualidades especiais é justamente esta pessoa quem faz mais barulho. Porém, aquele que está repleto de virtudes, dificilmente ouvimos algo a seu respeito, pois a humildade que o acompanha faz com que seja bem discreto. Quanto maior e mais importante é a pessoa, mais humilde ela tem que ser.
A Torá designa o maior entre os profetas, Moshe Rabenu, como sendo o mais humilde de todos os seres humanos.

Não podemos elogiar alguém que não tem propriedades particulares como sendo humilde. Se o indivíduo não é sábio, nem possui riquezas materiais, não tem habilidades ou dons especiais, então, de que poderá se orgulhar? Porém, alguém que possui todas estas virtudes e que normalmente pode orgulhar-se de ser alguém especial, mas que, apesar de tudo, mantém-se humilde, este sim deve ser realmente louvado. Assim, Moshe Rabenu tinha todas as qualidades que um ser humano pode almejar. Contudo, soube manter-se humilde.

Existe o costume de nos curvarmos em certos trechos das rezas. O Talmud afirma que toda pessoa tem que se curvar em quatro diferentes partes da Amidá (a oração que é lida de pé e em silêncio). Porém, diz o Talmud, o Cohen Gadol - Sumo Sacerdote - tinha que se curvar a cada bênção; e o Rei de Israel, quando começava a sua oração, fazia sua reverência e só levantava no término da reza. Isto porque quanto maior a pessoa, mais humilde tem que ser. Muitas vezes é necessário exigir isto do ser humano através de atos corporais.

A humildade é uma virtude que aprendemos do próprio Todo-Poderoso. Ao se revelar no Monte Sinai no momento da outorga da Torá, D'us escolheu o Monte Sinai, a mais baixa entre todas as montanhas.

Os benefícios que podem resultar desta grande virtude são inúmeros. Na época do Templo, quando alguém trazia uma oferenda ou um sacrifício, era recompensado. Porém, o humilde, pela sua magnitude e somente pelo fato de ser humilde, é considerado como se estivesse realizando todos os sacrifícios ao mesmo tempo.

O Talmud afirma que a humildade atrai a vitalidade. Por quê? A Torá faz uma abordagem sobre as leis de pureza que existiam naquela época. Umas manchas poderiam aparecer nas paredes da casa e, neste caso, o Cohen - Sacerdote - era convidado para verificar se as manchas eram consideradas impuras. Se assim fosse, a casa inteira era considerada impura. Diz o Talmud que o Cohen tinha que verificar as manchas à luz do dia. Se a casa estava escura e não possuía janelas, era proibido abrir novas janelas para poder verificar as manchas. Assim, já que era impossível determinar o tipo de chagas, a casa era declarada pura. A casa escura conseguiu alcançar sua pureza por ser humilde e sem muita luminosidade.

O livro Shaarei Teshuvá afirma que o orgulho pode levar a pessoa a cometer vários erros e aumenta a intensidade da inclinação para o mal. A Torá diz: "Pois teu coração irá se orgulhar e te esquecerás do Eterno teu D'us que te fez sair da terra do Egito". Orgulhoso ao ponto de se esquecer do Todo-Poderoso? A Torá não estaria exagerando um pouco? Não!


Rabino Avraham Cohen

Continua no post abaixo...

0 comentários: