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sexta-feira, maio 11

A Destruição Dos Judeus Da Romênia I



A história judaica na Romênia foi registrada já no século II, quando o Império Romano tinha estabelecido o seu domínio sobre uma área de terra que era então conhecida como Dacia. Inscrições e moedas, bem como túmulos judaicos foram encontrados em lugares como Sarmizegetusa e Orsova.

O Anti-semitismo na Romênia começou por volta de 1579, quando o soberano da Moldávia, Petru Schiopul, ordenou a expulsão dos judeus alegando que estavam arruinando empresas comerciais estabelecidas, e por supostamente explorar a população cristã, a fim de enriquecer-se. A população judaica sefardita principalmente, em seguida, teve de suportar grandes dificuldades durante a guerra russo-turca em 1769-74. Eles foram massacrados e roubados de sua propriedade em quase todas as cidades e aldeias do país. Apesar destes primeiros pogroms, comunidades judaicas ainda conseguiram prosperar. O número de judeus na Transilvânia histórica saltou de dois mil em 1766, para 30.000 em 1880. Em 1825, a população judaica na Valáquia foi estimada entre 5.000 e 10.000 pessoas.

No Congresso de Berlim de 1878, que formalizou a independência da Romênia, as grandes potências fizeram da concessão de direitos civis aos judeus como uma condição para o reconhecimento da independência, apesar da oposição dos delegados romenos e russos. Após debates acalorados o parlamento modificou o artigo da constituição que tornou o cristianismo como fator obrigatório para a cidadania romena, mas afirmou que a naturalização de judeus seriam realizadas individualmente. Isso exigiu o voto de ambas as câmaras do parlamento, processo demorado e complexo.

No entanto, foi somente após a Primeira Guerra Mundial que uma legislação foi aprovada para emancipar os judeus romenos. Apesar da prevalência do anti-semitismo que abundava no país, judeus desempenharam um papel importante na transformação da nação, que ainda se caracterizava por um sistema feudal, para uma economia moderna e também foi uma comunidade muito ativa na vida cultural do país. A Romênia foi o berço do teatro iídiche. Ele também produziu muitos dos primeiros chalutzim* que se estabeleceram em Israel.

* chalutz ou Halutz  (hebraico): Um membro de uma organização de imigrantes israelenses em assentamentos agrícolas.  [Literalmente: pioneiro, lutador] Chalutzim = Plural de Chalutz

O preconceito contra judeus continuaram entre os anos 20 e 30 do Século XX, movimentos estudantis começaram a desenvolver campanhas contra os judeus nas grandes universidades e  foram organizados e financiados pelo Ministério do Interior. Uma vez que tal movimento foi fundado por Corneliu Codreanu Zelea e chamava-se "Legião do Arcanjo Miguel" (precursora da Guarda de Ferro). Tal  legião, com células terroristas formadas, não se privou de reivindicar a responsabilidade pelo assassinato de vários judeus.

A Legião era conhecida por uma propaganda hábil, incluindo o uso muito eficaz de espetáculos triunfais. Utilizando marchas, procissões religiosas, hinos patrióticos e partidários, junto com o trabalho voluntário e campanhas beneficentes em áreas rurais em apoio a várias atividades de cunho anti-comunista, anti-semita, anti-liberal e anti-parlamentar.

Destruição das Sinagogas em Oradea Mare

Em 9 de dezembro de 1927 membros da Legião realizaram um pogrom em Oradea Mare, na Transilvânia. Cinco sinagogas foram destruídas e os rolos da Torá queimados em praças públicas, os judeus eram humilhados e espancados. Logo após esse episódio houve a propagação de tumultos por toda a Romênia e, em Cluj, mais oito sinagogas foram saqueadas e pilhadas. Na segunda metade da década de 1930, e com a ascensão do fascismo, a situação dos judeus tornou-se cada vez mais desesperadora. Como a maioria dos movimentos fascistas europeus, o fascismo romeno emergiu da política, econômica e ideológica, da crise que se seguiu a Primeira Guerra Mundial.

Em 7 de junho de 1930 Carol II subiu ao trono da Romênia, e procurou influenciar o curso da vida política através da manipulação das classes camponesas e om aproximação aos partidos liberais. Mas, nos anos 1933-35, o Rei Carol e o primeiro-ministro também mantiveram  relações ambíguas com a Legião, agora comumente referida como a "Guarda de Ferro".

Apesar de forte oposição aos objetivos políticos da Legião, Carol II teve um relativo sucesso em mantê-la fora dos escritórios do governo. Mas o poder crescente da Guarda de Ferro não pode ser facilmente ignorado. 

A Guarda de Ferro aprendeu a diversificar e aumentar a sua organização. Eles abriram uma cadeia de supermercados, restaurantes e lojas de reparos, e ainda conseguiram criar e manter  uma organização bem-estar para as populações menos favorecidas. Em 1935 havia mais de 4.200 grupos, que cresceram para mais de 34.000 até o final de 1937. Como a Guarda de Ferro cresceu em importância, ela também começou a tomar posições sobre o que os seus líderes referiam-se como "questões práticas". Assim, se formou o Corpo de Trabalhadores Legionários em 1936 que construiu dezenas de campos de trabalho em toda região.

Esse Corpo, uma espécie de central de trabalhadores, pressionava os políticos e conseguiam aprovar algumas leis. E numa delas, o parlamento concedeu um mandato proibindo romenos de trabalharem como caseiros ou empregados domésticos para judeus

Em 1930 a Romênia tinha a terceira maior população judaica da Europa. Posicionava-se logo abaixo da União Soviética e da Polônia e estava diretamente envolvida em milhares de empreendimentos, participando ativamente da vida econômica do país. Mas a economia foi fortemente influenciada pela expansão do nazismo, e logo toda a estrutura ocupacional da comunidade judaica estava prestes a entrar em colapso. 

Como a penetração alemã na economia romena aumento, um número considerável de políticos romenos concordou em servir aos interesses alemães em troca de diretorias em empresas multinacionais alemãs, ou mesmo em empreendimentos montados com o capital alemão. Os acordos comerciais alemães com a Romênia sempre exigiram a retirada dos judeus nos ramos envolvidos.

Rei Carol II passou a ver na Guarda de Ferro como uma séria ameaça ao seu reino e decidiu que alguma coisa tinha que ser feita para reduzir seu poder. Em 12 de fevereiro de 1938, ele entrou em ação, suspendendo a constituição democrática, dissolvendo todos os partidos políticos e promulgou uma nova constituição fascista.

Continua...


Todos os créditos e Direitos são de Dvidiu Lapescu & Carmelo Lisciotto, que publicaram originalmente esse trabalho.
HEART - Holocaust Education & Archive Research Team, de onde pude traduzir esse artigo.
Tradução – Aaron Schain

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